sábado, 23 de maio de 2009

ESTOU TÃO INQUIETO!


“E quem poderia reconhecer o Rei daquele reino? Ele não tem formosura nem beleza. Suas roupas são aquelas que encontramos num brechó. Não faz a barba há semanas. Cheira a mortalidade. Temos romantizado tanto seu estado deplorável que a única coisa que conseguimos captar são ecos da maneira como ele escandalizou seu tempo, de como os discípulos de João Batista estavam horrorizados quando perguntaram: ‘É você aquele que deveria vir?’; ou na pergunta de Pilatos: ‘Você é o Rei dos judeus?’, numa roupa larga, de boca aberta, ou no humor negro da placa pregada sobre sua cabeça, escrita em três idiomas para que ninguém dissesse que não entendeu.”
(Frederick Bueghner)


Observo com um pessimismo no estilo Schopenhauer a maneira como nós, cristãos, caminhamos na contramão do Evangelho que foi pregado por Jesus.

Quando Ele iniciou o seu ministério, o quadro encontrado foi: judeus vivendo uma vida religiosa baseados em três práticas formais: esmolas, jejuns e orações. Jesus apontou outro caminho:
amor, graça e liberdade, onde o que estava em jogo não era o que definitivamente você fazia, mas, a nobreza estava em quais motivações estava baseada a sua ação, que mostrava se as pessoas agiam por amor, companheirismo, amizade ou simplesmente para serem vistos, apontados, lembrados ou porque a prática religiosa exigia tais ações.

Hoje, quase dois mil anos depois da morte de Jesus, cometemos os mesmos equívocos. Nossas práticas mudaram é verdade, mas insistimos em viver um evangelho pragmático, cuja tese fundamental é que ele seja útil, e nos propicie alguma espécie de êxito e satisfação pessoal. Infelizmente, este evangelho utilitário é o que enche as igrejas do nosso país. Desde o advento da “teologia da prosperidade”, empurrados pelo “Sonho americano de vida” , a maioria dos cristãos sonham em ascender socialmente, ter dinheiro, carros e empresas, e Deus é utilizado com suposto aliado nessa “troca”. Perdemos nossa identidade cristã na busca insana do ter e do ser, e com isso, nossa visão de reino é altamente comprometida quando assumimos valores e princípios que em nada se parecem com aquilo que Jesus e seus apóstolos viveram na Palestina do início da era cristã.

Nossa religiosidade se resume no esforço de pedir a Deus que compense as nossas distorções pessoais, “premiando” o maior número possível de filhos com favores especiais. Repete-se nos sermões que “Deus é bom e não deixará que os seus filhos mendiguem o pão”. Mais sejamos sensatos, os fatos nos mostram uma realidade muito diferente disto: quantos cristãos não morrem diariamente nos corredores de hospitais públicos a espera de leitos ou de condições humanas para atendimento? Ou ainda, quantos cristãos não povoam as favelas, com suas casas sustentadas em ribanceiras e com esgotos a céu aberto? Quantos cristãos não se encontram no nordeste vivendo as conseqüências da seca, andando quilômetros por um balde de água barrenta dependendo do assistencialismo dos coronéis ou de uns poucos trocados de algum programa do governo? Quantos cristãos não são residentes de pontes, cortiços dos grandes centros? Seria apenas a falta de fé destas pessoas que as colocam nestas situações? Acredito que não, afirmo com toda certeza que tais têm mais fé do que todos nós juntos, mas a realidade cruel mostra que num mundo como o nosso, onde impera o egoísmo e a ambição, sempre existirão aqueles que serão inalcançados, e para esses tarda a “benção” da prosperidade. Insisto, será apenas falta de fé, ou a teologia da prosperidade é uma farsa?

Precisamos desencantar o mundo, e deixar de romantizar nosso cristianismo. Observo que muitas vezes os crentes se acham um espécie de “Power Rangers” divino, onde em alguns momentos vivemos uma vida corriqueira e normal, mas em outros lutamos contra monstros e criaturas utilizando super poderes.

Temos que fazer a diferença, mas no mundo real,e não nas nossas fantasias. Nossas ações como cristão devem ser concretas como foram as de Jesus quando passou por este mundo. Acima de qualquer milagre ou outra coisa que ele tenha feito, superabundaram à amizade, o amor, a justiça e a graça. Jesus foi marcado como aquele que passou pelo mundo fazendo o bem. Ele colocou a benignidade e a misericórdia no centro da vida cristã.

Não precisamos de uma religião que nos dê tudo o que quisermos, mas, de uma que seja capaz de abraçar a humanidade, sem distinções, sem preconceitos ou prerrogativas. Precisamos de uma religião que nos transforme novamente em seres humanos, capazes de amar ao próximo como a nós mesmos.

6 comentários:

Danilo disse...

Ola Mamasses!

Graça e Paz!

Vim conhecer seu espaço digital. Bom posts! A internet é um espaço precioso onde podemos falar de Jesus e discutir diferentes pontos de vista!

Aproveitando, faço uma apresentação do meu blog:

Genizah é um blog cristão diferente. Hilário e divertido, mas que não dispensa a seriedade na defesa do Evangelho. Uma mistura bem balanceada de humor, denuncia e artigos devocionais. No Genizah, você fica sabendo da última novidade do absurdário "gospel", mas também não falta material para inspiração e ótimas mensagens dos melhores pregadores. Genizah é um blog não denominacional apologético, com um time é formado por escritores, pastores, humoristas e chargistas cristãos.

Aguardo sua visita. Vamos nos seguir!

Abraços em Cristo e Paz!

Danilo

http://www.genizahvirtual.com/

Doutrina Cristã disse...

Meu irmao, só Jesus, só Jesus.

Daniel Grubba disse...

Gostei muito do seu blog pois contêm excelentes reflexões.
Penso que a igreja brasileiro precisa de bons pensadores, que tenham o correto equilíbrio entre a emoção e a razão.

Deus lhe ilumine.

Parabéns.

Daniel

Hermes C. Fernandes disse...

Olá Manassés!

Parabéns pelo belo trabalho apresentado em seu blog. Já estou seguindo.

Aproveito para lhe convidar a conhecer o meu blog, e se desejar também segui-lo, será uma honra.

Seus comentários também serão muito bem-vindos.

www.hermesfernandes.blogspot.com

Te espero lá!

Marcello de Oliveira disse...

Shalom!

Uma alegria conhecer seu blog. O Eterno resplandeça o rosto Dele sobre ti!

Medite no Salmo 36.8,9

Nele, Pr MArcelo

Visite:

http://davarelohim.blogspot.com/

e veja o texto:

Natal: presentes para o Rei

Bruno Amaral disse...

Parabéns pelo trabalho! Posts excelentes!
Como diz o Ministério Clamor Pelas Nações no CD "Quem se importa", a igreja não luta, pois dorme na luz...

Não é apenas pecado fazer o mal, mas também deixar de fazer o bem.

Já estou seguindo, quando puder me visite:
www.bruno-amaral.blogspot.com